É claro que nos sentimos gratos por relações familiares saudáveis, boas amizades e o apoio de uma rede de relacionamentos que tecemos ao longo da vida.
Entretanto, se pararmos um pouco para pensar, o impacto que isso tem em nosso desenvolvimento e em nosso bem-estar é ainda maior do que imaginamos.
“O olhar do outro é muito moldador de quem somos nós, porque somos seres absolutamente sociáveis. Precisamos de outras pessoas para validar nossos comportamentos, balizar nossos valores e nosso caráter”, explica a psicóloga Michele Maba.
“Se eu disse algo que achei engraçado, por exemplo, eu confirmo isso através do outro, quando algumas pessoas do meu convívio acham graça naquilo também”.
Se é evidente que um bebê necessita de outras pessoas para dar conta de todas as suas necessidades, é verdade também que contar com uma rede de apoio — a família, os amigos, uma comunidade — impacta enormemente em diversos âmbitos de nossa vida, inclusive na saúde física.
“É muito fácil raciocinar que ter uma pessoa ao seu lado que te leva ao médico, que enxerga uma mancha na sua pele que pode precisar de atenção ou que nota como você está tossindo — tudo isso colabora muito para a saúde física”, nota Michele.
Segundo a entidade, estima-se que, no Brasil, o custo da mão-de-obra de atividades de cuidado exercidas pela família — em relação, por exemplo, a crianças, idosos e doentes — seria de aproximadamente R$ 600 bilhões por ano, caso não fossem realizadas de forma gratuita.
“Quando o indivíduo começa a trabalhar, sua família a aconselha sobre as entrevistas de emprego, ajuda financeiramente com o transporte e oferece suporte emocional nesse processo, e tudo isso faz uma grande diferença”, exemplifica Letícia.
Uma rede de apoio, sim, mas só se for saudável
Há vínculos que podem, porém, nos prejudicar, e é preciso estar atento a isso. A rede de apoio com que uma pessoa conta deve ser constituída de relações positivas. “Quando uma família é uma estrutura com relações saudáveis, o que temos é a maior rede de apoio que alguém pode ter”, avalia Letícia.
Para Michele, os vínculos saudáveis são aquele ligados a experiências como a sensação de apoio, de carinho, de elevação da autoestima e de crescimento pessoal.
“Os vínculos são importantes na medida em que são laços, e não nós”, explica a psicóloga. “Os vínculos podem fazer muito mal quando são relacionamentos que em algum momento se tornaram abusivos ou quando sentimos que estamos ali apenas por obrigação”.
Uma rede saudável costuma por natureza crescer e fazer de nós mesmos elementos da rede de apoio de outras pessoas, em um ciclo de retroalimentação. “Na medida em que convivemos mais com pessoas que nos fazem bem, desenvolvemos habilidades sociais. E com melhores habilidades sociais, convivemos com mais pessoas”, descreve Michele.
“Por outro lado, quando alguém não faz bons vínculos, está tão ensimesmada que baliza a própria vida numa única régua”, avalia a psicóloga. E aí é que deve soar o alerta. “São pessoas muito pouco sensíveis aos laços que as rodeiam, que tendem a ter algum tipo de diagnóstico de psicopatologia, ou são pessoas que acabam entrando em sofrimento por não ter alimentado boas relações ao longo da vida”, afirma Michele.
Fonte: Sempre Família
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