Mesmo representando a maior parte da população, nós mulheres ainda temos dificuldades em ocupar espaços, sermos eleitas e participarmos ativamente da vida pública.
Carlota Pereira de Queiroz, primeira mulher a ser eleita no Brasil, para o cargo de deputada federal, em 1934. Foto: reprodução.
Em meio aos debates sobre política pública e com a proximidade das eleições, me deparo com um questionamento muito sério: mulher vota em mulher?
Ao longo do meu trabalho na Câmara Municipal de Curitiba, sempre trouxe essa temática para o parlamento, a luta por mais mulheres eleitas, a luta pelos nossos direitos, a luta por nos sentirmos valorizadas e representadas. Tudo que queremos é mostrar nossa voz e ocupar o espaço que também é nosso.
Até a década de 30, em nosso país, o voto e as candidaturas eram exclusivamente masculinos. Nós não deveríamos nos envolver ou participar ativamente da vida pública. Este ano, completamos 90 anos do direito ao voto feminino, reflexo de muita luta e um avanço gigantesco na nossa sociedade. No entanto, boa parte das mulheres ainda têm receio de votar em uma representante. Apesar de estarmos muitas vezes na vanguarda da estrutura familiar, da ciência, da educação, da política, entre tantos outros lugares, e sermos 53% do eleitorado do nosso país, ainda assim, inexplicavelmente, preferimos aos homens.
A grande questão, não é deixarmos os homens de lado, mas sim, nos vermos de igual para igual. De dividirmos um espaço que ainda é eminentemente masculino. De acordo com o Tribunal Eleitoral Superior (TSE), no ano passado, o Brasil ocupava o 140º lugar de 192 países com relação à participação política feminina, ficando atrás de todas as nações da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti.
Em 2008, 900 municípios brasileiros não elegeram nenhuma vereadora. Isso deixa ainda mais nítido o grande desafio de votarmos, de melhorarmos nossa estrutura e prestarmos atenção na discriminação que sofremos e da posição que nos colocam.
Este ano, serão 77 milhões de brasileiras que devem votar. E, é a oportunidade de ampliarmos a nossa presença, nossa participação, contribuindo nas decisões da nossa sociedade.
Queremos igualdade de trabalho, de educação, tratamento, salário e condição de vida. Precisamos pensar no futuro, avançarmos sempre e termos coragem para encararmos novos desafios. Esta é a nossa luta. E você? Depois de tudo isso, já pensou em que lugar gostaria de ocupar?
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do Plural.
Fonte: Plural Curitiba
Comments