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Para ver e ouvir o golfinho invisível

  • Assessoria de Comunicação
  • 8 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

Entre as espécies mais ameaçadas do Brasil, Toninhas ganham campanha de divulgação que inclui podcast e perfil no Instagram




Assim como a maioria dos brasileiros, eu nunca vi uma toninha viva. E, como tantos outros, meu conhecimento sobre elas era perto de um traço quando, em 2015, passei a acompanhar o projeto Conservação da Toninha, apoiado pelo FUNBIO. Ao longo do tempo – curto quando comparado ao de pesquisadores que há décadas se debruçam sobre o “golfinho fantasma”, um dos “apelidos” em alusão à dificuldade de vê-los na natureza – esse novo território se abriu para a equipe. Hoje, quando precisamos em pouco tempo apresentar as toninhas (Pontoporia blainvillei), falamos que “são os golfinhos mais ameaçados do Brasil, encontrados em Argentina, Uruguai e Brasil, entre o Rio Grande do Sul e o Espírito Santo”. E que, diferentemente de golfinhos na TV, “são extremamente tímidos: não saltam, emitem som inaudível para humanos, não se aproximam de barcos, fogem quando humanos tentam se aproximar”.


Quando um interessado pede então para ver uma imagem do bicho vivo, a resposta, até pouco tempo atrás, era “quase não tem, elas fogem”. Algo mudou desde então: a maior iniciativa coordenada sobre esse cetáceo de cerca de um milhão de anos, que tem no boto-cor-de-rosa da Amazônia seu único e distante parente, apoia estudos sobre genética, população e principais ameaças. E, nos últimos anos, o que parecia ser inicialmente inviável deu certo: toninhas foram registradas por meio de drones, que revelaram hábitos até então desconhecidos. Tímidas, sim. Porém, extremamente sociáveis entre elas. Hoje, imagens inéditas mostram os primeiros passos de um bebê toninha com sua mãe. E da cópula da espécie, monogâmica, e na qual o macho também cuida da prole. Um comportamento tão único quanto as toninhas.


Fósseis vivos que já foram numerosos (golfinhos modernos surgiram há 200 mil anos), e cuja população hoje é estimada em menos de 25 mil no Brasil, toninhas dão nome a uma praia em Ubatuba. Já foram tema de uma edição limitada de medalhas nos jogos olímpicos do Rio. Houve ainda a batalha das Toninhas na Primeira Guerra Mundial, que equivocadamente faz menção à espécie: o conflito ocorreu na Europa, onde não vivem esses animais. Mas passam longe do coração de quem ainda não as viu e não conhece seus hábitos, sua história, sua vida.


Porque a luta pela conservação das toninhas é pontuada por histórias que emocionam: a pesquisadora Marta Cremer conta que entre as primeiras que viu – mortas – estavam uma fêmea lactante e seu filhote. Emoção também na voz e nos olhos que sorriem do pesquisador Daniel Danilewicz, a cada vez que fala sobre descobertas.



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