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Assessoria de Comunicação

O desafio da educação para crianças com dislexia durante a pandemia



O isolamento social, medida necessária no combate a pandemia, afastou as crianças da escola impactando a aprendizagem de todos os alunos. Redes escolares de todo o mundo precisaram se reorganizar em um curto período de tempo para oferecer uma alternativa às aulas presenciais, e o ensino a distância foi a escolha para a maioria das instituições de ensino. Alunos, cuidadores e professores precisaram se adaptar a esse novo modelo, mas algumas barreiras são difíceis de superar: no Brasil, uma em cada quatro pessoas não têm acesso a internet (IBGE, 2018).

Outro desafio enorme é personalizar o ensino para os diferentes perfis de aprendizagem observados em sala de aula. Alguns alunos necessitam de uma abordagem diferenciada para aprender, e a adaptação a essas necessidades especiais têm gerado preocupação para os educadores e familiares, principalmente, na fase de alfabetização, momento no qual as crianças têm pouca autonomia para realizar tarefas sozinhas. Esse é o cenário delicado que as crianças com dislexia, seus familiares e seus professores estão vivendo.

A dislexia é um transtorno que afeta habilidades básicas de leitura e linguagem. Pessoas com dislexia têm dificuldade para processar os sons das palavras e associá-los com as letras que os representam. Ela é considerada um transtorno específico de aprendizagem, porque os seus sintomas geralmente afetam o desempenho acadêmico dos alunos e o processo de alfabetização. Outras características comuns em pessoas com dislexia são a dificuldade com nomeação rápida, memória de trabalho e processamento de informações.

As rupturas impostas para essas crianças durante a quarentena podem ser ainda mais complicadas e impactar negativamente o seu processo de aprendizado, por isso é importante que a família compreenda que o momento em que estamos é atípico e a cobrança não deve ser a mesma como se elas estivessem em sala de aula.

Os desafios para os alunos com dislexia ou outras dificuldades de aprendizado são maiores. Com o afastamento das atividades presenciais, o foco do ensino tem sido maior no domínio do conteúdo acadêmico, gerando nos alunos a sensação de estarem constantemente atrasados ou de não conseguirem finalizar as tarefas propostas. Assim, a desmotivação e o desânimo durante esse período em casa podem ser ainda maiores. É necessário que a família entenda que este momento é passageiro e, portanto, não há necessidade de uma cobrança extrema. Criar um ambiente favorável em que a criança possa aprender com jogos e brincadeiras é fundamental. Além disso, é importante estimular sua autonomia, incluindo-a nos afazeres do dia a dia e aproveitando este momento para criar memórias afetivas, permitindo que esse tempo se torne um aliado.


Por Juliana Amorina


*Juliana Amorina é Diretora Presidente do Instituto ABCD, fonoaudióloga e mestre em saúde da comunicação humana.O Instituto ABCD é uma instituição sem fins lucrativos que busca garantir que pessoas com dislexia tenham o acesso a as informações e ferramentas para desenvolver as competências acadêmicas, sociais e emocionais para prosperar na escola, no trabalho e na vida.


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