O Dia Internacional da Erradicação da Pobreza foi celebrado pela primeira vez em 17 de outubro de 1987, em Paris, na Praça dos Direitos Humanos e Liberdade – mesmo local onde a Declaração dos Direitos Humanos foi assinada, em 1948. Alguns anos depois, em 1992, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas oficializou esta data com o objetivo de dar visibilidade ao elevado número de pessoas que vivem na extrema pobreza – questão entendida até como crime pelos Direitos Humanos e, por isso, obrigação dos governos em assegurar sua erradicação.
No entanto, a erradicação da pobreza agora parece algo cada vez mais distante. No Brasil, por exemplo, os rendimentos entre pobres e ricos estão cada vez mais desiguais. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), realizada desde 2012 pelo IBGE, revelou em sua última edição de 2018 que a diferença entre os rendimentos obtidos pelo 1% mais rico e dos 50% mais pobres é recorde entre os levantamentos anteriores. O índice Gini, o principal indicador da desigualdade social criado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), também atingiu o maior patamar em sua série de levantamentos.
O aumento dessa desigualdade é um reflexo direto da recessão do mercado de trabalho, impactando de modo muito mais acentuado os trabalhos informais que majoritariamente são ocupados por pessoas em vulnerabilidade social. Ou seja, as pessoas que deveriam estar protegidas por políticas de erradicação da pobreza são justamente as que mais são prejudicadas. Outro dado que nos revela isso é a regionalização da pobreza no país, que apresenta uma concentração de renda na região Sudeste de R$143,7 bilhões superior às de outras regiões.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a concentração de renda no Brasil é ainda maior do que a pesquisa do IBGE conseguiu mensurar por se tratar de uma amostragem domiciliar, na qual muitas pessoas não mencionam exatamente todas as fontes de renda que possui. A reportagem ainda analisa como essa desigualdade relaciona-se com questões estruturais, tal como o histórico escravocrata e patrimonialista do Brasil. Sobre isso, ainda vale a pena consultar a série de reportagens realizada pela mesma Folha de S. Paulo sobre Desigualdade Global – um material rico para análise das problemáticas em torno da erradicação da pobreza.
Desde os anos 2000, o tema também é pauta da ONU no âmbito do PNUD. Inicialmente, através de uma agenda global adotada pela Declaração do Milênio das Nações Unidas, momento no qual todos os Estados membros da ONU e outras organizações internacionais definiram os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) com meta de realização até 2015. Após 15 anos de ação, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram por um novo plano de ação com metas de realização mais abrangente, criando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável por meio dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). A erradicação da pobreza aparece como primeiro objetivo dentre os 17 tópicos trabalhados por esta nova agenda global. O ODS1 postula “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”.
A Aventura de Construir (AdC), como uma das 104 ONGs brasileiras que participam do Pacto Global, trabalha intensamente em prol da erradicação da pobreza por meio de ações diretas junto ao público das periferias de São Paulo. Através de capacitações e assessorias para microempreendedores de baixa renda, que lidam com questões de formalização, profissionalização e perspectivas de futuro num mundo em transformação, a AdC possibilita que famílias garantam sua sustentabilidade com dignidade e qualidade de vida.
Neste Dia Internacional da Erradicação da Pobreza nós celebramos todas as iniciativas envolvidas nesta causa e parabenizamos todas as pessoas que ajudam a fazer a diferença na luta diária contra as desigualdades sociais, estimando que nossas ações façam a diferença na vida das pessoas que mais necessitam!!!
Fonte: Aventura de Construir
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