Derretimento do gelo por mudanças climáticas ameaça sobrevivência da espécie
Entre as oito espécies de pinguins da Antártica, o pinguim-imperador é o maior: ele pode alcançar até 1,14 metro. O imperador vive exclusivamente no continente austral e depende do gelo para sobreviver. Estima-se que a população do animal seja de cerca de 600.000 exemplares. Até 2100, como efeito das mudanças climáticas, a população dessa espécie pode ser reduzida em até 33%.
Um novo estudo publicado na Remote Sensing in Ecology and Conservation descobriu que há quase 20% mais colônias de pinguins-imperadores na Antártica do que se imaginava. A descoberta foi possível ao usar tecnologia de mapeamento por satélite com o Copernicus Sentinel-2, da Comissão Europeia.
Pesquisadores encontraram 11 novas colônias. Entre elas, três foram identificadas anteriormente, mas ainda não haviam sido confirmadas. Com os novos dados, o censo global subiu para 61 colônias todo o continente. As informações são importantes para monitorar o impacto das mudanças ambientais na população dessas aves.
Os pinguim-imperador precisa de gelo marinho para se reproduzir e as colônias estão localizadas em áreas difíceis de serem estudadas, porque são remotas, de difícil acesso e com temperaturas que podem chegar a -50ºC. Ao longo da última década, cientistas do British Antarctic Survey (BAS) procuraram por novas colônias tentando identificar manchas de guano — as fezes do animal — no gelo.
De acordo com o geógrafo da BAS e autor principal do estudo, Peter Fretwell, “esta é uma descoberta empolgante. As novas imagens de satélite nos permitiram encontrar essas novas colônias. Embora seja uma boa notícia, elas são pequenas e levam a população geral a apenas mais de meio milhão de pinguins ou cerca de 265.500 a 278.500 pares de reprodução”.
Pinguins-imperadores são vulneráveis à perda de gelo marinho, seu habitat predileto. A maioria das colônias recém-encontradas está situada às margens da faixa de reprodução dos imperadores. Portanto, é provável que esses locais sejam perdidos à medida em que o planeta fique mais quente.
Segundo o chefe de Biologia da Conservação da BAS, Phil Trathan, que estuda pinguins há três décadas, os criadouros encontrados estão em locais onde as projeções recentes indicam que a espécie vai diminuir. “Precisamos observar essas aves com cuidado, pois as mudanças climáticas afetarão a região”, explicou.
O estudo constatou várias colônias localizadas ao largo da costa, situadas no gelo do mar que se formou em torno de icebergs e que haviam caído em águas rasas. Essas colônias, a até 180 quilômetros da costa, são uma descoberta nova e surpreendente no comportamento dessas espécies cada vez mais conhecidas.
Fonte: Veja Abril
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