A rede estadual de ensino do Paraná terá, a partir de 10 de maio, uma volta gradativa às aulas presenciais. O retorno deve acontecer paralelamente à vacinação dos profissionais da Educação, programada para este mês, e em um momento de queda na taxa de transmissão e nos indicadores de contágio.
Há três critérios para a definição de quais colégios devem ter prioridade para a volta das atividades presenciais. O primeiro deles é o acompanhamento das cidades onde houve retorno das redes municipais de ensino e do transporte escolar. Além disso, serão priorizadas as instituições de ensino onde há alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso a equipamentos digitais para realizar as atividades remotas. Outro critério é a análise de colégios com maior número de professores fora do grupo de risco. As secretarias da Educação e do Esporte e de Saúde ainda estão realizando o mapeamento dos locais.
Nas escolas que reabrirão para atividades presenciais, será adotado o modelo híbrido de ensino, ou seja, parte dos alunos assistirá às aulas presencialmente, em sala de aula, enquanto a outra parte acompanhará remotamente, vendo as aulas ao vivo. Para isso, as salas de aula estão equipadas com computadores e internet, possibilitando que os professores interajam com ambos os grupos de estudantes.
As instituições de ensino seguirão um protocolo de segurança, garantindo distanciamento de 1,5 metro entre os estudantes, disponibilizando álcool em gel, reforçando a obrigatoriedade do uso de máscara e aferindo a temperatura de alunos e funcionários na entrada do colégio. Distanciamento, uso de máscara e aferição de temperatura também são regras dentro do transporte escolar.
O retorno presencial não é obrigatório. Pais, mães ou responsáveis legais que desejem o retorno dos estudantes devem assinar um termo de autorização a ser entregue na instituição de ensino. Os alunos que optarem por não ir às aulas presencialmente continuarão no ensino remoto (que inclui as plataformas digitais do Aula Paraná, videoaulas no YouTube e TV aberta, além do kit pedagógico impresso), que acontece desde o início deste ano letivo, em 18 de fevereiro.
A APP Sindicato, que representa os professores e fucnionários da rede estadual de educação encaminhou uma nota em que se coloca contrária ao retorno às aulas presencias. Confira a nota na íntegra.
“Não há protocolo seguro para retorno das aulas presenciais neste momento”, afirma pesquisador
A APP-Sindicato, que representa professores e funcionários das escolas estaduais e também municipais de mais de 200 cidades, não é favorável ao retorno presencial das aulas neste momento. - Não há condições estruturais nas escolas para qualquer retorno; - Faltam profissionais para o devido acompanhamento dos estudantes – o governo demitiu, na última sexta (30), cerca de 8 mil funcionários; - Os dados mostram que a pandemia não acabou, pelo contrário, os casos estão estabilizados em um patamar ainda muito alto; - A circulação de cerca de um milhão de estudantes (somente da rede estadual) e 120 mil profissionais provocará ainda mais contaminação. Boa parte destes alunos convive com pessoas do grupo de risco; - O governador anunciou que só retomaria as aulas com a vacinação de profissionais da educação;
O sindicato ouviu especialistas e pesquisadores que apontam não haver tendência de queda nos números da pandemia e que, por conta da vacinação estar em um ritmo ainda muito lento, há uma tendência de surgimento de outras variantes do vírus ainda mais resistentes. O caminho, segundo estes especialistas, é um lockdown definitivo de, pelo menos, 21 dias e aceleração do ritmo da vacinação. “Não há protocolo seguro para retorno das aulas”, afirmou Lucas Ferrante, pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – ligado à FIOCRUZ). Ele afirma que ainda não é o momento dessa retomada e que, caso o governo insista nisso, as consequências serão o aumento do número de casos e de mortes em um curto espaço de tempo. O INPA previu, através de cálculos estatísticos com dados da pandemia, o caos em Manaus e também orientou a Prefeitura de Curitiba no auge do colapso em março.
A APP-Sindicato solicitou ao INPA uma matriz de dados sobre a pandemia em 10 regiões do Paraná e apresentará o resultado desta pesquisa nesta quarta (05), às 10 horas, em uma coletiva de imprensa com a participação de Lucas Ferrante.
O Sindicato continua a defender a vida de profissionais, estudantes e comunidade em geral. Queremos o retorno das atividades presenciais e o retorno à normalidade, mas tem que acontecer com vacina para todos e segurança sanitária. No momento, não há estas condições.
Fonte: BemParaná
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